Por Wagner Baldez (*)
Um dos momentos mais divertidos que experimentamos,
nesses últimos tempos, aconteceu quando, em tom de blague, um amigo enviou-nos
um exemplar do jornal O ESTADO DO MARANHÃO, contendo nesse um encarte cujas
páginas e respectivos espaços foram reservados - só que de maneira apócrifa -
para tecer exacerbada apologia a respeito da trajetória política do ex-senador
JOSÉ DE RIBAMAR FERREIRA ARAÚJO COSTA, por cognome JOSÉ SARNEY.
As
tais obras, acrescidas de incontáveis projetos enumerados na sua entrevista, se
assemelham às pilhérias do Almanaque Capivarol, do que algo jamais acontecido,
sobretudo quando afirma haver, como governador, executado em 4 anos o mais
profundo programa educacional do Estado: UMA FACULDADE POR ANO; UM GINÁSIO POR
MÊS; UMA ESCOLA POR DIA.
Foi
nesse exato momento em que fomos acometidos de um surto de risos!
No
desejo de prosseguir com a leitura, procuramos controlar tal situação, o que se
tornou um tanto complicado; pois não é, para surpresa nossa, que a própria
mentira se dispôs a fazer cócegas em nosso corpo, não só por considerar
fantasiosa as afirmações contidas na fala do ex-parlamentar, como para ajudar-nos
a sustentar as justificadas gargalhadas! A essas alturas tanto ríamos, como ela
também.
Os
recursos adaptados na entrevista iam além das mentiras, passando a ser uma
patacoada, segundo o conceito emitido pela senhora mentira.
Mediante
citado comportamento, inferimos que se dela dependesse, recusaria a prestar
serviço de tal natureza. E logo para quem?!... Justamente para a pessoa que
sempre procurou usá-la em ocasiões que requeresse, necessariamente, a sua ajuda.
Após
alguns minutos em que assumira dita tarefa, a senhora mentira retornou ao seu
lugar de origem para continuar representando o triste e solitário papel para a
qual fora destinada.
O
Brasil tem conhecimento da forma como mencionado personagem se revelou na
politicagem.
Quatro
foram as vertentes para conseguir suas execráveis conquistas: ambição pelo
poder e glória (sofre de doxomania); traição; conveniência e cabotinismo; afora
outros defeitos possíveis e impossíveis!
Para
ele, toda atividade condenável adquire aparência de normalidade. O que
interessa não são os meios, mas os fins.
Igualmente
consta ter o mesmo a fama de experiente convolador.
Quanto
à afirmação de haver sido a geração de jovens poetas os principais elementos a
mudar as péssimas condições em que se encontrava o estado, não passa de um
despautério ou embuste.
Apenas
quatro foram os poetas a participar da luta contra o referido modelo vigente:
José Nascimento Morais – aliás, o mais autêntico e combativo; Bandeira Tribuzi,
até então comunista; Carlos Cunha e Nauro Machado. O restante, inclusive uma
parcela expressiva de intelectuais, vivia pendurado na frauda do senador
Vitorino Freire; posição esta assumida para garantir-lhes, exclusivamente, seus
interesses pessoais, seguindo o exemplo do jovem Sarney, ao tempo, Deputado
Federal.
O
entrevistado sequer, por um dever moral, cívico e partidário, faz alusão aos
que realmente foram os principais atores desse movimento histórico: La Rocque,
Millet, Neiva Moreira e demais próceres!
Também
omitiu a decidida contribuição prestada pelos deputados La Rocque e Millet, ao
conseguirem que o TSE retirasse das folhas de votação mais de 200 mil votos
fraudados, o que concorreu para a vitória do candidato, acidentalmente,
apresentado pelas Oposições.
Se
dependesse, como ele próprio assegura, da geração de poetas, intelectuais,
inclusive reforçado pelas suas palavras messiânicas, jamais em tempo algum
seria eleito, já que era estigmatizado por ser egresso do Vitorinismo-Newtismo!
Essa é a verdade incontestável!
Portanto,
bem diferente das suas intervenções quando entrevistado, cujo texto não passa
de enxertos verbais ou retórica de fumaça!
Ele,
Sarney, simula desconhecer que há mais de 20 anos vinha o grupo Oposicionista
lutando obstinadamente contra o Vitorinismo, a fim de libertar o povo
maranhense. Enquanto isso acontecia, Sarney comodamente permanecia aboletado
nas poltronas do Palácio dos Leões se aproveitando das benesses que lhe eram
proporcionadas.
Perguntem,
os leitores, qual a posição por ele assumida na greve de 1951: se do lado do
movimento oposicionista, rebelde e paredista ou ao lado de Eugênio de Barros,
candidato do senador Vitorino Freire e do governador Newton Belo? E se, também,
não fora ele recompensado, inclusive, a história registra, com a nomeação do
seu irmão Evandro para a Chefia de Gabinete desse mesmo governo?!
Tampouco
trata haver sido Presidente do Partido do militares, e depois de alguns anos de
serviços prestados a essas instituições gregárias, passou a ocupar o Palácio do
Planalto, oportunidade em que, com sua habitual empáfia e sem o mínimo
escrúpulo, se proclamou PALADINO DA DEMOCRACIA!!!
Sobre
mencionada particularidade, ele, de forma temerosa, se recusa a tratar do
referido assunto, a fim de que não chegue ao conhecimento da NOVA
GERAÇÃO...
Outro
detalhe que merece destaque: para o entrevistado prestar de forma cabotina suas
desastrosas afirmações a respeito das obras executadas pelo seu governo, é
desconhecer ou destratar, propositadamente, as realizações concretizadas pelos doutores
Paulo Ramos e Jackson Lago quando ocuparam, para orgulho das pessoas de bom
senso, a chefia do Executivo maranhense.
De
todas as pregações que recolhemos da entrevista, a cena considerada
tragicômica, foi sem dúvida a parte dedicada ao reconhecimento da vida pública
do mencionado personagem, já que nenhum dos expoentes máximo da política
nacional ou mesmo estadual se manifestou para os encômios de praxe: talvez
receosos de comprometerem suas imagens perante o público... Ficando essa
difícil e ridícula missão ao deputado SARNEY FILHO e ao neto ADRIANO SARNEY;
depoimentos que não passam de acintoso vitupério!
Temos
renovado em nossos artigos a máxima de nossa autoria: PASSADO COMPROMETEDOR,
FUTURO DUVIDOSO!...
“A glória só é um bem quando alguém é digno
dela”. Não é o caso do senhor José Sarney!!
(*) Wagner Baldez - Servidor Público Aposentado, membro do
Comitê de Defesa da Ilha, um dos fundadores do Instituto Maria Aragão. Integra
a Direção Estadual do PSOL/MA